Cristina Barros

Tuesday, February 06, 2007

VELHOS BONS TEMPOS DO PORTO
Legenda: Garotas tiram foto, naquele local que deveria ser um dos principais cartões postais de Porto Velho. Não há praça, bancos, jardim. Tiveram que subir em um pedaço de madeira para tentar pegar uma boa imagem, ao fundo, um cidadão se acomoda em outro tronco para apreciar a natureza.

Nesse último final de semana cheguei a uma conclusão terrível: não há em PortoVelho um único lugar público em que se possa apreciar “de graça” o pôr-do-sol e curtir a brisa proporcionada pelo majestoso rio Madeira. Acompanhe a minha jornada, junto com a família, na busca de um lugar aprazível em área urbana da cidade.

Iniciando a maratona fomos ao antigo Mirante III. Por quê antigo? Porque agora a lanchonete tomou conta do lugar então é “Lanchonete Mirante III”. Nos idos anos 80, antes ali havia uma bela calçada com banquinhos de concreto e um amplo espaço para que nós, em um momento de terapia, namoro, paquera ou simplesmente um bate-papo com amigos, pudéssemos sentar e ficar ali o tempo que se achássemos necessário, sem se preocupar com o incomodado e inconveniente garçom.

Agora, uma muralha, com clara característica de segregação social, separa quem pode pagar de quem não pode pagar. Detalhe: os bancos de concreto sumiram e o espaço ficou espremido.

Continuando, fomos ao antigo Mirante I. Também ali havia uma pracinha, ampla, com vista privilegiada para o rio e para a cidade. Pois é, a praça também está depredada. Não há bancos, nem mesmo alambrado, um perigo pra quem resolve ir lá tirar umas fotos acompanhado de crianças.

A lanchonete está fechada para reforma. Mas se estivesse aberta, certamente também teria uma muretinha para separar quem paga de quem não paga, uma vez que já não existem mais os banquinhos e quem quisesse sentar teria que usar as mesas do bar.

Vamos para o Mirante II. Adivinhe! Sim, totalmente mudado também. Grande lanchonete, a maldita mureta, uma soverteria e... Nada de local para curtir o pôr-do-sol tranqüilamente sem sermos incomodados por um garçom.

Agora, como última tentativa, chegamos na praça Madeira-Mamoré. Impossível ficar ali acompanhado de um bebê. Esgoto a céu aberto misturado com fedor de xixi e de óleo saturado; música alta e de muito mal gosto, sendo que além do som das barracas, há ainda o som que vem dos flutuantes ancorados ali próximo; mato para todo lado e, claro, o garçom.
(Legenda foto acima: esgoto aberto logo na chegada das lanchonetes na beira do rio)

Não quero que os garçons pensem que tenho algo contra eles, estão fazendo seu trabalho. Mas tenho contra o poder público que não nos garante um local aprazível para poder levar a família, amigos e visitantes para curtir um pouco a natureza que a cidade permite a sua comunidade.

Lembro que houve um tempo na Madeira-Mamoré, às margens do rio, em que ali era realmente uma praça. Grama bem cuidada, para que alguns pudessem deitar-se, ler um bom livro, conversar, namorar, tirar fotos. Gente que época boa! No fim de tarde as pessoas iam lá para curtir a paisagem sem ser incomodado.


E a pracinha logo na entrada, tinha uma grama aparada, iluminada, local de diversão para crianças. Eu mesma já brinquei por lá em idos tempos. Agora também fede e é horrível. Museu fechado, locomotivas corroídas pela ação do tempo, um verdadeiro cenário de terror!

Enfim, eu e a minha família fomos no dia seguinte em busca de um local distante, chamado de Cujubim Grande, às margem do rio Madeira, próximo de São Carlos, ambos distritos de Porto Velho. Lá achamos uma casa humilde de uns moradores do local, bosqueado, limpo, com bancos de madeira cuidadosamente feitos sob uma calçada e que nos proporcionavam o belo prazer de sentir a brisa e observar o majestoso curso do rio.
(Legenda: bares ocupam a antiga pracinha e poluem o ambiente com som alto e muito lixo)

ÁREA DA UNIÃO

Acontece caros leitores que toda essa área às margens do rio Madeira em que antes haviam os Mirantes e a praça da Madeira Mamoré, assim como um determinado espaço do local em que os trilhos da velha EFMM estão localizados, pertencem à União.

Os comerciantes que usam esse lugar atualmente possuem uma autorização precária de Inscrição de Ocupação do Imóvel emitida pela Gerência Regional do Patrimônio da União de Rondônia (GRPU/RO), pagando apenas uma taxa anual à GRPU. Esta autorização pode ser cancelada em qualquer tempo, caso a prefeitura ou outro órgão do Estado ou da própria União solicitem a área para ficar sob sua responsabilidade.

Se o poder público quiser para si estas áreas e transformá-las novamente em praças isso é perfeitamente possível. Basta uma solicitação formal à GRPU/RO do local e informação sobre a finalidade do espaço, as benfeitorias, etc.

3 Comments:

  • Ana Cristina, concordo com voce!Em 20 anos de Porto Velho sempre que quero ver o por do sol sou obrigada a ir aos "barquinhos" ou aos locais onde voce tem que sentar e consumir alguma coisa, e parece que isso ainda vai permanecer por algum tempo, pois até agora não vi nada da tal Avenida Beira Rio, infelizmente.

    By Anonymous Anonymous, at 6:34 PM  

  • Ana Cristina,
    Temos também os "guardadores de carros" no local, muita sujeira, matagal, viciados em drogas, etc..
    Este local deveria ser o catão postal da cidade.
    A única meia praça decente é a das caixas, que foi restaurada pela empresa Furnas.
    Onde estão as autoridades da cidade?

    By Anonymous Anonymous, at 2:26 PM  

  • Cristina
    Na no final da Rua benjamin Constant fica o mirante 2,5 .
    L[a o empres[ario conhecido como Sidney esta urbanizando com um jardim o unico local que nao tem boteco na beira do rio.
    Dizem que a prefeitura multou ele porque a obra de melhoria nao tinha alvara. (??)
    O local é muito visitado pelo por moradores e turistas. ( fotos, namoros, passeios)

    By Anonymous Anonymous, at 5:50 PM  

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