Cristina Barros

Friday, February 16, 2007


CERCADOS POR TODOS OS LADOS

Logo pela manhã, assistindo a um noticiário nacional , ouvi o comentário do apresentador sobre a violência urbana que dizia: “de que adiantam muros altos, cercas elétricas, cães ferozes e segurança pessoal se numa determinada hora teremos que entrar ou sair de casa? A solução, talvez, fosse ficarmos trancados dentro de casa!”.

Concordo com o comentário do apresentador, várias vezes penso nisso. Lembrei-me das noites em que tinha que chegar em casa perto das 11h da noite todos os dias da semana em virtude do horário de saída da faculdade (era necessário abrir o portão, entrar com o carro na garagem, fechar o portão, abrir a casa, entrar. Ufa, que alívio ao entrar!), pois sentia-me totalmente vulnerável.

Já virou rotina ver todos os dias nos jornais as principais ocorrências policiais, bandidos que invadem e furtam bens em residências, rendem famílias, apontam armas para crianças, etc. É difícil encontrar alguém próximo a nós que já não foi vítima dessa violência urbana.

Ontem mesmo, meu vizinho estava em casa reunido com a família, assistindo tv, quando foi surpreendido por três marginais, armados, que renderam sua família, agrediram sua cunhada com uma coronhada na cara, amarraram todos, vasculharam toda a casa e levaram tudo que era possível carregar. “Só não levaram o som e o aparelho de tv porque estavam a pé”, disse a vizinha.

Pra completar essa “onda”, que na verdade já pode ser chamada de “tsunami”, estamos no carnaval! A turma precisa de dinheiro para curtir no meio dos foliões, quer estar nos blocos, que ir para os clubes, quer tomar todas... É carnaval, afinal. Aquela que deveria ser a verdadeira manifestação da cultura popular.

Hoje não passa de ostentação, segregação social e racial, prática, cientificamente comprovada, de sexo promíscuo (aumenta o número de doenças sexualmente transmissíveis, número de gravidez indesejada), aumento de violência, agressão aos brincantes, mortes. Tudo que traz desconforto e infelicidade para muitas famílias.

Particularmente, sou contra essa festa brasileira. Algumas pessoas saem com o intuito verdadeiro de se divertir, outras somente para fazer o mal.

Aproveitando essa “tsunami” de violência generalizada, a Câmara dos Deputados aprovou nos dias 14 e 15 deste mês algumas medidas para tentar amenizar a prática de crimes no país (aumento da penalidade para maiores que influenciam menores na prática de crimes hediondos, dificuldades para a progressão da pena também em crimes hediondos, falta grave para uso de celulares por detentos do sistema prisional, e proibição do contingenciamento de verbas para a segurança pública defendida pelo presidente Lula), mas ainda falta passar pelo Congresso.

Não acredito que isso possa resolver alguma coisa. Para mim, falta investimento básico, educação, distribuição de renda adequada, investimento social, menos roubalheira dos cofres públicos pelos políticos, membros dos demais poderes e órgãos públicos. Isso sim, talvez pudesse nos garantir mais segurança!

Meu ex-professor de faculdade, Hamilton Lima, lembrou uma citação de Moacir Franco, que quando deputado federal falou em plenário: “parem de falar de direitos humanos, vamos falar dos humanos direitos”.

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