Cristina Barros

Thursday, March 15, 2007

Sobre nossa cegueira urbana


No mundo de hoje, todos nós vivemos em constante tensão. A síndrome do medo está tomando conta do cidadão comum no país. Temos medo de andar nas ruas, temos medo de levar nossas crianças ao parque, de sair somente para dar uma voltinha de carro, temos medo de estar trancados em casa, de estar em locais públicos naquele tradicional bate-papo com amigos, ir aos bancos, enfim, medo geral. Quem não tem?

O pior é que muitas vezes, de tão perturbados que ficamos com o stress do nosso dia-a-dia, acabamos por não valorizar pequenas coisas da vida. Ficamos cegos! Vemos, porém não reparamos no que de melhor a vida nos proporciona.

Lembrei-me então do romance de José Saramago, “Ensaio Sobre a Cegueira”. O romance conta a história de pessoas que vivem em uma cidade e aos poucos, tal qual uma endemia, as pessoas vão ficando cegas. A cidade se transforma em um caos. No meio da rua, cruzando semáforos, realizando suas atividades comuns, todos vão cegando.

Os cegos são execrados e enviados para um tipo de asilo. Lá, ficam à mercê da própria sorte. Têm que se virar, tentar pegar sua comida, fazer suas necessidades, localizar seus parentes que também estão cegos, porém perdidos no meio de tantos, uma verdadeira calamidade: pessoas morrem de fome ou esmagadas, dormem no meio de fezes e urina, etc.

Durante todo o livro, as mensagens estão claras através da vivência de cada um que cega. Eles começam a valorizar pequenas coisas da vida que antes não viam. Valorizam a atenção, o amor do próximo, a união, a família, a divisão das coisas, pois se sentem pequenos e discriminados.

Ao final do livro um dos personagens pergunta: Porque foi que cegamos? O outro responde: Penso que não cegamos, penso que estamos cegos. Cegos que vêm, cegos que, vendo, não vêem.

A partir dai comecei a observar ao meu redor.

Apesar do pânico que ando sentindo, diante de tantas notícias trágicas todos os dias, achei importante escrever este artigo para que possamos refletir melhor. Como estamos suscetíveis a todo tipo de acontecimento (bom ou ruim para nós), precisamos a cada momento apreciar e valorizar as coisas boas que a vida nos oferece.

Olhar mais nossa família, aproveitar os bons momentos, acreditar na fidelidade e no amor, ser mais humano, gentil, companheiro e amigo. Ser pai, ser mãe. Vamos parar e pensar.

Escrevo este artigo especialmente para o meu marido e companheiro, que no dia de hoje completa mais um ano de vida; para nosso filho; minha família, colegas de trabalho e para os meus grandes amigos.

“Se podes olhar, vê. Se pode ver, repara” - Livro dos Conselhos

Friday, March 09, 2007

Pedestre, cuidado com a faixa!



Os artigos 70 e 71 do Código Nacional de Trânsito dizem:

“Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.

Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos.

Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização.”

Pois bem leitores, a utilização de faixas para pedestres nas vias de nossa capital, digamos que é recente, pois não têm mais de 10 anos. Desde a adoção das faixas não me recordo de haver alguma campanha de conscientização para motoristas e pedestres.

Para o motoristas no sentido de incutir a cultura de respeitar a faixa; para os pedestres a conscientização dos seus direitos e também dos cuidados que devem ter.

Diariamente passo pela avenida Calama, nos horários de pico e observo o risco que as pessoas, principalmente as crianças que estudam na Escola 21 de Abril, correm ao tentar atravessar a via. Na esquina da Calama com a Rafael Vaz e Silva e na Abunã, logo após a Rafael Vaz e Silva, há uma faixa de pedestres para facilitar a travessias dos escolares.

Por diversas vezes presenciei a imprudência de motoristas de carros, de motos e também ciclistas que quase atropelam as crianças nas citadas faixas. Eu mesma, certa vez, ao atravessar a faixa com semáforo fechado para os veículos, em uma rua do centro da capital, quase fui atropelada por um motociclista!

Temo por aquelas crianças que atravessam, muitas vezes sozinhas a rua. Temo também porque uma vez na faixa, eles caminham tão lentamente, que ao chegar no meio da rua, um carro ao ver a pista parcialmente liberada acelera e passa, e o outro que vem ao lado, sem prestar a atenção, pode achar que a pista está totalmente liberada e pegar um pedestre bem no meio.

Acredito que falta muito trabalho de conscientização. Conscientização aos motoristas e também aos pedestres.

Os escolares devem ser orientados a prestar mais atenção ao atravessar, devem ser orientados a não andar “tão lentamente”.
Certa vez presenciei um estudante parar no meio da faixa e amarrar o cadarço do seu sapato. Um pedestre chamou sua atenção e pediu que amarrasse o cadarço fora da faixa.

Os órgãos fiscalizadores, no caso a Semtram e o Detran, devem fazer campanhas massivas na mídia para tentar conscientizar os motoristas para respeitar a faixa.

Os guardas de trânsito devem participar intensamente nessa campanha também, mas não somente se preocupar em multar, mas sim, orientar e conscientizar os motoristas (sugestão: “Pense, se fosse seu filho, o senhor ou a senhora gostaria de saber que ele corre risco diariamente?”).

Um outro fato importante, é que as faixas devem estar sempre visíveis, pois muitas, até mesmo as que estão abaixo dos semáforos, estão quase apagadas. Quem não conhece a cidade acaba passando pelas faixa sem perceber.

Enfim, muito se pode fazer para tentar amenizar esse risco constante no trânsito para os pedestres, e mais uma vez, principalmente às crianças. Imagino se eu fosse uma mãe que, impossibilitada de levar o filho à escola, confiasse na segurança que ele deveria ter. Ficaria todos os dias com “coração na mão”.

Para os interessados, segue ai algumas orientações que peguei no endereço eletrônico http://www.cobra.pages.nom.br/bmp-faixapedestres.html

ATENÇÃO!Regras importantes!

1) Familiarize-se com os locais onde existem faixas para travessia de pedestres;

2) Não dirija a mais de 60 km por hora em ruas que tenham muitas faixas para o pedestre;

3) Diminua a marcha bem antes da faixa, se for parar, com atenção no retrovisor para o carro que vem atrás;

4) Pare, se notar com antecedência um pedestre na calçada em um dos extremos da faixa em atitude indicando que pretende atravessar a via (observada a recomendação 3, acima).

5) Deixe o pisca - alerta ligado enquanto estiver parado e não movimente o carro antes que o pedestre alcance a calçada do outro lado (Estando parado você atrairá a atenção do motorista que vier na outra faixa para que também ele pare o seu veículo).”

Friday, March 02, 2007

Sobre paisagismo, buganviles e pinheiros


É impressionante a “santa ingenuidade” dos paisagistas da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semusp). Motivo: colocar um vaso com buganvile em pleno canteiro da avenida José Vieira Caúla, zona Leste da Capital. Uma planta dessas em um vaso custa em média R$ 110,00. O resultado é que um nobre cidadão, que segundo testemunhas estava em uma Hillux, roubou os vasos com as plantas.

O problema é que isso já era previsível! Como tinha certeza que isso iria acontecer, tirei na quarta-feira (28), fotos da avenida com os vasos da bela planta. ( reparem na foto abaixo que são dois vasos)

A prova está ai, para quem não viu os vasos. Se as algumas pessoas da cidade têm costume de “levar” as mudas até de ficos que comumente são usadas nas arborizações de vias, imagine um vaso com uma planta como a buganvile.

Eu confesso que tenho a maior vontade de colocar uns buganviles na minha casa, mas ainda não pude desembolsar tal valor para poder enfeitar minha modesta morada.

Outra coisa que acho realmente impressionante é essa urbanização com palmeiras. Além de estarem fora do contexto da flora regional, o custo é altíssimo. Uma muda de palmeira gerivá (essa que está na avenida Caúla), custa em média R$ 110,00. Enquanto que uma muda de ipê custa R$ 25,00 e uma de ficos, custa R$ 10,00.

Caro secretário, estamos em Rondônia, região Norte, Amazônia, próximos a linha do Equador, clima equatorial, então para que descaracterizar a região plantando esse tipo de árvores?

Assim que os ficos foram retirados da avenida Caúla, entramos em contato com o secretário, Jair Ramires, e o mesmo informou que as árvores estavam quebrando os canteiros, invadindo os esgotos, por isso estavam sendo retiradas. Até ai, tudo bem.

O secretário informou que ali seriam plantados ipês. Legal!

O interessante foi a informação do secretário de que estava com o projeto de uma nova urbanização para a avenida Jorge Teixeira. Vai plantar “pinheiros”.

Isso mesmo leitor: pinheiros. Planta originária do hemisfério norte, que a todo custo, dada uma tradição de Natal, acaba tendo que se adaptar mundo afora. Também são plantados extensamente no hemisfério sul.

Fazendo umas digressões e conjeturas, será que o secretário está pensando lá na frente, e imagina um natal porto-velhense cheio de luzes nos pinheirinhos da Jorge Teixeira?

Necessariamente, as luzes de Natal não devem ser colocadas em pinheiros. Cada região valoriza sua vegetação na ornamentação nessa época do ano.

Uma muda de pinheiro, pequena, custa em média R$ 40,00. Só que se elas forem plantadas com esse porte, certamente vão parar nas casas de muitos cidadãos que são loucos para terem um pinheiro em casa, mas que não têm coragem de comprar nos viveiros. Terão o mesmo destino dos buganvilles da avenida Caúla.