Um ano sem você, meu velho "João Puruca”
Parece que foi ontem... eu ainda menina andava pela rua Duque de Caxias, bem ali no cruzamento onde está a caixa d’água e o prédio da Caerd. Ele trabalhava bem em frente à Companhia de Águas, na Etesco. Era conhecido por muitos naquela época como o homem do chapéu branco (alusão ao capacete que usava na cabeça de cor branca), ou mesmo por “João Pururuca”.
Toda vez que nos via (eu as minhas duas irmãs, Eliana e Ana Cláudia), fazia questão de comprar na mercearia da esquina um “chicolate prá nós” (traduzindo: chocolate).
Eu nem gosto dessa iguaria nos dias de hoje, mas a cena que se tornou para nós (em nossa infância), tão comum, era o símbolo que selou o início de nossa amizade, companheirismo, respeito e amor!
Nem poderia imaginar naquela época que ele se tornaria companheiro de minha mãe e meu Pai!
Isso mesmo: Pai. Jamais ousaria dizer meu padrasto!
Foram mais de 20 anos juntos. Um relacionamento de pai e filha cheio de compreensão, carinho e dedicação.
Ah pai! Foram tantas as sábias palavras que você me disse e que servem para mim até hoje. Sempre me ensinou a respeitar as pessoas, a ouvir mais que falar, a primar por bons relacionamentos, a ser fiel às amizades, me cercar de pessoas boas, valorizar o trabalho, a educação, a paz e a harmonia.
Você foi meu guia. Sempre me confortou nos momentos de tristeza, tensão. Tinha a palavra certa na hora da dúvida. Me defendia, brigava pela minha liberdade e confiava em mim!
Mesmo depois que sai de casa, nossa amizade não morreu. Almoçávamos, jantávamos juntos. Sempre fizemos por onde passar os natais juntos. Você valorizava demais essas datas.
Hoje faz um ano que você se foi.
Lutou por cinco meses na cama em uma UTI, após um derrame. Eu não pude te ver, mas minha mãe e minhas irmãs, que te visitavam, diziam da sua felicidade ao ver alguém da família. Você mostrava que iria retornar para nós. Seus olhos brilhavam você gesticulava e nos passava força.
Porém chegou uma hora que você não agüentou mais lutar. Essa vida que você tanto amava tinha que ficar para trás e dar lugar a outra. Em outro lugar.
Foi num domingo de páscoa. Essa palavra que na sua origem, em hebraico, significa “passagem”. Você passou papai! Lutou o quanto pode, mas no dia da “passagem”, se deixou levar.
Seu nome e suas atividades ficaram registradas na memória daqueles que o conheceram. Um engenheiro civil, uma vez me falou que o velho “João Pururuca” era a biblioteca viva da cidade, pois trazia em sua mente toda a rede hidráulica de Porto Velho e ainda de muitos distritos e municípios do Estado. “Ele sabe tudo, onde quebrar, de onde vem, para onde vai, quantidade de rede hidráulica, é incrível”.
Os últimos 19 anos de sua vida dedicou à companhia de água de Rondônia. Tinha um verdadeiro amor pelo seu trabalho. Realizava com afinco e dedicação as atividades que a ela eram designadas.
No dia do seu enterro, os colegas fizeram questão que ele passasse naquele cruzamento, na Duque de Caxias com a João Goulart. Lá onde ainda está a velha caixa d’água. Aquele mesmo local onde nos conhecemos e que também foi palco para que ele solidificasse suas maiores amizades.
Muitos o esperavam passar, alguns abriram as janelas das salas, muitos bateram palmas. Um exemplo de homem digno. Que fez sua parte enquanto vivo.
Trabalhou, educou, amou e deixou sementes.
Sua vida, sua história é exemplo para todos nós. Viveu bem, intensamente e nunca deixou de fazer as coisas que gostava. Parabéns papai!
Eu, minha mãe, irmãs, amigos e demais parentes, todos nós lamentamos sua ida, mas continuamos sentindo sua presença ao nosso lado, nos protegendo e nos orientando, pois suas palavras ficaram vivas!
João da Silva Lopes
Nasceu em: 11/10/1938
Faleceu em: 16/04/2006
Parece que foi ontem... eu ainda menina andava pela rua Duque de Caxias, bem ali no cruzamento onde está a caixa d’água e o prédio da Caerd. Ele trabalhava bem em frente à Companhia de Águas, na Etesco. Era conhecido por muitos naquela época como o homem do chapéu branco (alusão ao capacete que usava na cabeça de cor branca), ou mesmo por “João Pururuca”.
Toda vez que nos via (eu as minhas duas irmãs, Eliana e Ana Cláudia), fazia questão de comprar na mercearia da esquina um “chicolate prá nós” (traduzindo: chocolate).
Eu nem gosto dessa iguaria nos dias de hoje, mas a cena que se tornou para nós (em nossa infância), tão comum, era o símbolo que selou o início de nossa amizade, companheirismo, respeito e amor!
Nem poderia imaginar naquela época que ele se tornaria companheiro de minha mãe e meu Pai!
Isso mesmo: Pai. Jamais ousaria dizer meu padrasto!
Foram mais de 20 anos juntos. Um relacionamento de pai e filha cheio de compreensão, carinho e dedicação.
Ah pai! Foram tantas as sábias palavras que você me disse e que servem para mim até hoje. Sempre me ensinou a respeitar as pessoas, a ouvir mais que falar, a primar por bons relacionamentos, a ser fiel às amizades, me cercar de pessoas boas, valorizar o trabalho, a educação, a paz e a harmonia.
Você foi meu guia. Sempre me confortou nos momentos de tristeza, tensão. Tinha a palavra certa na hora da dúvida. Me defendia, brigava pela minha liberdade e confiava em mim!
Mesmo depois que sai de casa, nossa amizade não morreu. Almoçávamos, jantávamos juntos. Sempre fizemos por onde passar os natais juntos. Você valorizava demais essas datas.
Hoje faz um ano que você se foi.
Lutou por cinco meses na cama em uma UTI, após um derrame. Eu não pude te ver, mas minha mãe e minhas irmãs, que te visitavam, diziam da sua felicidade ao ver alguém da família. Você mostrava que iria retornar para nós. Seus olhos brilhavam você gesticulava e nos passava força.
Porém chegou uma hora que você não agüentou mais lutar. Essa vida que você tanto amava tinha que ficar para trás e dar lugar a outra. Em outro lugar.
Foi num domingo de páscoa. Essa palavra que na sua origem, em hebraico, significa “passagem”. Você passou papai! Lutou o quanto pode, mas no dia da “passagem”, se deixou levar.
Seu nome e suas atividades ficaram registradas na memória daqueles que o conheceram. Um engenheiro civil, uma vez me falou que o velho “João Pururuca” era a biblioteca viva da cidade, pois trazia em sua mente toda a rede hidráulica de Porto Velho e ainda de muitos distritos e municípios do Estado. “Ele sabe tudo, onde quebrar, de onde vem, para onde vai, quantidade de rede hidráulica, é incrível”.
Os últimos 19 anos de sua vida dedicou à companhia de água de Rondônia. Tinha um verdadeiro amor pelo seu trabalho. Realizava com afinco e dedicação as atividades que a ela eram designadas.
No dia do seu enterro, os colegas fizeram questão que ele passasse naquele cruzamento, na Duque de Caxias com a João Goulart. Lá onde ainda está a velha caixa d’água. Aquele mesmo local onde nos conhecemos e que também foi palco para que ele solidificasse suas maiores amizades.
Muitos o esperavam passar, alguns abriram as janelas das salas, muitos bateram palmas. Um exemplo de homem digno. Que fez sua parte enquanto vivo.
Trabalhou, educou, amou e deixou sementes.
Sua vida, sua história é exemplo para todos nós. Viveu bem, intensamente e nunca deixou de fazer as coisas que gostava. Parabéns papai!
Eu, minha mãe, irmãs, amigos e demais parentes, todos nós lamentamos sua ida, mas continuamos sentindo sua presença ao nosso lado, nos protegendo e nos orientando, pois suas palavras ficaram vivas!
João da Silva Lopes
Nasceu em: 11/10/1938
Faleceu em: 16/04/2006
2 Comments:
Linda Homenagem Cris, me emocionei muito ao ler. Ele realmente nos transmitia PAZ e SERENIDADE, gostava muito de ouvi-lo. Que Deus o ilumine.
Anne Mary
By Anonymous, at 7:26 AM
Mana que homenagem linda... vc me emocionou e me fez reviver os momentos que descreveu com perfeição
Irmã li
By Anonymous, at 11:35 AM
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